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Inconsciente Coletivo e Arquétipos
 
 
Da mesma maneira como os instintos impelem o homem a adotar um forma de existência especificamente humana, assim também os arquétipos forçam a percepção e a intuição a assumirem determinados padrões especificamente humanos. Os instintos e os arquétipos formam conjuntamente o inconsciente coletivo. (JUNG, 1986c, §270, p. 69)
 
 
 

O inconsciente coletivo se refere à parte do inconsciente relativo à espécie humana. Ou seja, o inconsciente coletivo se refere ao que é herdado, resultado de inúmeras repetições vividas por nossos ancestrais, que constituem aquilo que nos caracteriza enquanto espécie humana. “Outros conteúdos que não provêm das aquisições pessoais, mas da possibilidade hereditária do funcionamento psíquico em geral, ou seja, da estrutura cerebral herdada.” (JUNG, 1991a, § 851, p. 426)


É no inconsciente coletivo que se encontram as nossas constituições básica, independente das experiências pessoais. “São as conexões mitológicas, os motivos e imagens que podem nascer de novo, a qualquer tempo e lugar , sem tradição ou migração históricas.” (JUNG, 1991a, § 851, p. 426)


O inconsciente coletivo é composto pelos arquétipos, “Desse nível [inconsciente coletivo] derivam conteúdos de caráter mitológico ou impessoal, em outras palavras, os arquétipos e denominei-os inconsciente coletivo ou impessoal.” (JUNG, 1987a, §80, p. 34).

 
 
 
O inconsciente, enquanto totalidade de todos os arquétipos, é o repositório de todas as experiências humanas desde os seus mais remotos inícios: não um repositório morto [...] mas sistemas vivos de reação e aptidões, que determinam a vida individual por caminhos invisíveis e, por isto mesmo, são tanto mais eficazes. (JUNG, 1986c, § 339, p. 94)
 
 
 

Os arquétipos representam os padrões de estruturas compostos pelas experiências básicas universais. Assim, os arquétipos são as formas da espécie de ver o mundo e vivê-lo. Os arquétipos estão por definição muito próximos aos instintos que são os padrões inatos comuns a todos da mesma espécie. “instinto: instinctus: impulso ou inclinação.

Comportamento determinado de forma inata, impermeável às alterações circunstanciais e fora do controle da deliberação e da razão.” (BLACKBURN, 1997). O inconsciente não é um simples depositário, mas exerce influências, contém enorme energia, e possui um dinamismo próprio. Pode ajudar na adaptação de forma criativa, não apenas fornecendo os padrões humanos, mas pode apontar novas respostas, disponibilizar energia, fascínio, colaborando com a formação dos símbolos.

 
 
 
Mas o inconsciente não é, por assim dizer, apenas um preconceito histórico gigantesco; é também a fonte dos instintos, visto que os arquétipos mais não são do que formas através das quais os instintos se expressam. Mas, é também da fonte viva dos instintos que brota tudo o que é criativo; por isto, o inconsciente não é só determinado historicamente, mas gera também o impulso criador – à semelhança da natureza que é tremendamente conservadora e anula seus próprios condicionamentos históricos com seus atos criadores. (JUNG, 1986c, § 339, p. 94-95)
 
 
Nilton Kamigauti - 2008
 
Referencias
 
 
 
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