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Perdas
 

Na vida há muitos momentos marcantes, de conquistas e perdas. São momentos que nos mobilizam intensamente.

 
 
 
Nosso ego tende a lidar com as coisas com posse, com o “eu”, ou o “meu” como referência estruturante. E a realidade nos ensina o quanto é frágil tal postura de posse. Nas, mutações da natureza navegamos nas transformações. E se nos iludimos em um momento iremos nos desiludir em outro. Suportar as frustrações fortalece o ego.
 
 
 
 

No processo de perda sentimos a falta de algo, que dependendo da importância ou energia que se dava, causa proporcional sofrimento interno.

 
 
 

A princípio pode-se negar a perda. Como uma defesa do ego que se recusa a aceitar a realidade. Parece que não está acontecendo, que a realidade está equivocada. Mas, se desenvolvermos a elaboração da perda de forma sadia, percebemos que o equivoco é nosso, e que algo nos falta.
 
 
 
 
Depois, ainda defensivamente podemos apenas substituir o faltante por um substituto, e quase nada elaborar. Ou, de forma dolorosa enfrentarmos a dor da falta daquilo que perdemos e seus significados pessoais, conseqüências, nossas responsabilidades, o que deixamos de fazer, o que fizemos de errado, o que foi bom, o que não foi, enfim, julgamos e sofremos a perda. Esta fase pode perdurar por tempo indeterminado dependendo do grau de importância que se dava ao faltante, dos conteúdos a serem elaborados, e da nossa capacidade de elaboração. Aprendida as lições, assimilamos nossas projeções já que o sujeito faltante não se encontra mais em nossa realidade. O que pode gerar crises e conflitos.
 
 
 
 
 
Um ditado budista diz que quando perdemos um ente querido despertamos por alguns instantes, mas, logo voltamos a dormir. Creio que quando se trata da perda de um ente querido o grau de importância é muito grande e as projeções, vinculo, e entrelaçamentos da vida são intensas, o que causa um choque, ou trauma, quando nos deparamos com tal perda. O que pode proporcionar além de grande introspecção a quebra dos padrões, ou complexos. Se bem elaborado pode nos proporcionar uma visão mais ampla da realidade. Se a elaboração não se der de forma sadia, pode gerar complexos neuróticos, como qualquer trauma sofrido pela psique. Levando a crises e/ou sintomas diversos como: distimia, depressão, ansiedade, pânico, etc.
 
 
 
 
 
Entre o sadio e o patológico há uma questão de grau e elaboração da consciência.
 
     
 
Após a elaboração da perda aprende-se a viver sem o que nos faltou um dia. Nos reequilibramos, o passado fica no passado e o presente não é penoso, mas integro e livre, e novas possibilidades se abrem para o futuro.
 
 
 
Nilton Kamigauti - 2010
 
Referencias
 
 
 
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